Para. Repara. Repousa o olhar. Acalma a alma. Renova a mente. Repensa a vida. Recomeça. Mas não sem antes descansar.
Fotografar na África do Sul foi o início de uma jornada na fotografia movida pelo medo e pela curiosidade. Tudo sendo conduzido basicamente pelo instinto e pela vontade de aprender sobre algo tão diferente da realidade cotidiana.
Uma experiência permeada de adrenalina por saber-se presa no ambiente do predador, mas ao mesmo tempo observar a beleza que é a coexistência de animais tão distintos, e que, parecem movidos por um código invisível de respeito mútuo.
Esta série nasceu de um sentimento de sufocamento desencadeado durante a pandemia em 2020. De repente não era mais seguro transitar para além das lembranças do que foi vivido. Na tentativo de permanecermos vivos, nos fechamos. Enquanto isso, a vida aparentemente suspensa, questionava: Existe vida aqui dentro ou ela só é possível lá fora?
Fernanda observava a cor vívida por toda Nova Iorque. A cor atraía o seu olhar nas ruas da cidade, nas alturas dos edifícios, nos detalhes, nas janelas e passarelas.
Percebeu, assim, que o amarelo conquistava os mais belos dos cenários de uma cidade viva e intensa.
As obras registradas em Yellows of New York iniciaram-se pela curiosidade de encontrar a cor clamando por atenção. E por um clique.
Formar mosaicos com fotografias nasceu do reconhecimento de que a vida é feita de pequenos fragmentos que formam novos cenários a cada movimento. Isso porque nada é permanente e tudo se ressignifica.
A artista Fernanda direciona a sua lente para capturar ângulos, formas e composições geométricas em construções, na série Linhas, Trajetórias e Construções.
Nesse espaço, foram registradas linhas que apresentam destinos distintos, trajetórias e suas coordenadas predefinidas, construções rígidas e simétricas.
A cada ponto, uma linha forma-se. A cada linha, uma nova imagem.
Os trabalhos da Fernanda trazem detalhes e ângulos que podem passar despercebidos por muitos espectadores. Em Feelings of New York, a lente da artista procurou representar a cidade de Nova Iorque por meio de cenas inexploradas.
Os cliques mostram o lado urbano – e até calmo – da cidade, mas revelam beleza no concreto e no imperfeito.
Mulher.
De força inestimável. De delicadeza invejável. De razão excitante. De sensibilidade encantadora.
As obras da série Delicadeza e Força. Razão e Sensibilidade representam a liberdade feminina, que apavora muitos e expressa o anseio do empoderamento diário e incessante.
“Tudo procura se conectar”. Foi a partir desse conceito que surgiu a inspiração da série Cores que Dialogam.
Parte das obras foi fotografada em Hiroshima e Tóquio, no Japão, e outra parte foi registrada no Brasil. Entretanto, a distância não impediu que os detalhes, as linhas e cores das fotografias criassem uma conexão e uma história a ser contada.
História que está aberta a você para escrever.
Em Coração Aberto, Todo em Flor, Fernanda traz flores, em sua abundância de simplicidade.
A artista ainda compara as suas obras com a beleza e força de uma mulher. Seja a flor branca, preta ou rosé, nada a impede de crescer e florescer.
Por meio de uma vivência na aldeia indígena multiétnica, nasceram as capturas desta viagem à Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Com o objetivo de celebrar o fortalecimento das culturas e a luta dos povos indígenas, Fernanda se atirou, através de suas lentes, para entender e sentir a rica experiência.
Foi com grande amor no peito que os cliques percorreram lendas indígenas compartilhadas sob o céu estrelado, aos pés da fogueira. Aos banhos de cachoeira logo de manhã e aos cantos sagrados, a qualquer hora. Dando vida à série Conexão Céu e Terra.
“Leia entre as linhas”, “está nas entrelinhas”: a sutileza de entender o que não foi dito e de ver beleza do que passa despercebido é o foco desta série dividida em três partes. “Entrelinhas” recruta o espectador a dar atenção aos detalhes, a se envolver naquilo que é deixado de lado e a preencher aquilo que era vazio.
“Leia entre as linhas”, “está nas entrelinhas”: a sutileza de entender o que não foi dito e de ver beleza no que passa despercebido é o foco desta série dividida em três partes. “Entre linhas” retrata a aventura pelo proibido e pelo desafio. A série apresenta o espaço em seus mínimos detalhes, mas pouco revela, por isso exigem do observador que leia as entrelinhas.
“Leia entre as linhas”, “está nas entrelinhas”: a sutileza de entender o que não foi dito e de ver beleza no que passa despercebido é o foco desta série dividida em três partes. “Entre as linhas” traz a rigidez e as formas mais retas dos trens, portas e maçanetas de Paranapiacaba, em São Paulo. Neste trabalho, Fernanda traz detalhes sutis que vencem grandes forças visuais com suas delicadas presenças.
O que pode estar suavemente aberta, na percepção do outro pode estar suavemente fechada. É isso que a artista busca na série “Entre Abertas”: provocar o espectador com a ambiguidade de suas obras, convidá-lo a um novo olhar, um novo entendimento, um novo sentido.
Ao embarcar em uma aventura em Portugal, em 1992, acompanhada de uma câmera analógica, Fernanda não podia imaginar que esta viagem se tornaria sua primeira exposição solo: “A Via”, sediada na Casa de Portugal de Abril a Maio de 2018.
A série, feita há quase 30 anos, retrata o conceito histórico da arquitetura portuguesa e cruza a história do país e da fotógrafa: para sua carreira fotográfica, a viagem tornou-se um marco por ser a primeira vez em que pensou na composição de uma foto e arcou com o compromisso de acertar cada clique.
Ao sobrevoar o Parque do Ibirapuera de helicóptero, Fernanda conseguiu ver a concepção exata do que Oscar Niemeyer projetou em 1954: “é uma Oca de verdade!”, em toda sua imensidão e força. A visão aérea impactou a fotógrafa e deu origem ao Projeto Breu.
A série registra seus locais favoritos em São Paulo com o intuito de compartilhar com todos a sua forma de enxergar a cidade. Foi um trabalho preciso e meticuloso, que exigiu estudos prévios, já que os cenários não davam margem para erros.
Com normas restritas para voos, o desafio e as situações limítrofes que incentivam seu trabalho estão em cada uma das fotos, tiradas em um helicóptero com as portas abertas, em que a fotógrafa ficou presa apenas por um cinto de segurança.
Os resultados foram imagens de espaços marcados por cores e contrastes fortes em meio às enormes sombras da cidade.